|
HUMIDADE
A humidade é uma variável
a ter em conta, senão quisermos ter surpresas desagradáveis. Grande parte de microorganismos patogénicos, fungos e bactérias,
desenvolvem-se mais fácil e rapidamente em meios húmidos, especialmente em meios húmidos e temperaturas amenas ou altas. Além
disso a humidade, por si mesmo, pode provocar problemas respiratórios aos canários, sendo assim convém que a húmida varie
entre 50 ou 70%. Humidades muito baixas, são também de evitar, especialmente na criação, se a humidade for exageradamente
baixa, as crias terão dificuldade em eclodir e podem mesmo não chegar a nascer.
A compra de um desumificador irá trazer uma maior qualidade de vida para os canários e evitar uma série
de problemas de saúde. Especialmente nos meses chuvosos e em regiões húmidas, haverá essa necessidade, ou então sujeitamo-nos
a ter alguns desgostos, porque põe mais bem alimentadas que estejam, facilmente podem ficar constipadas ou apanhar um resfriado,
que pode evoluir para problemas de saúde mais complicados e até mesmo levar à morte, caso não nos apercebamos do estado de
saúde da ave e não actuemos rapidamente. Estes aparelhos não são propriamente baratos mas é com toda a certeza uma das melhores
compras que um criador pode fazer.
Caso não tenham ainda um
desumificador, ou esse mesmo não possua higrómetro (aparelho para medir a humidade), sugiro que comprem um.
Para quem não tenha possibilidade
de adquirir um, sugiro que tente minimizar os efeitos da humidade, colocando, no chão, do canaril, recipientes com carvão,
ou com “areias” que se compram para esse fim.
Caso não tenham um desumificador,
ou esse mesmo não possua higrómetro (aparelho para medir a humidade) é conveniente que comprem um, para que realmente fqiuem
com uma ideia dos valores de humidade, no canaril. Para terem uma ideia, no período de criação, os valore da humidade chegam
a atingir 80 a 90%, no inicio da criação e poderá haver dias, no final da temporada, em que a humidade desça dos 50%, especialmente
quem criar ainda nos meses de Junho e Julho.
TEMPERATURA
Obviamente, os canários são sensíveis à temperatura, especialmente a mudanças bruscas. Se for possível controlar
a temperatura no canaril, óptimo, contudo os canários suportam relativamente bem o frio e mesmo nas regiões mais frias a temperatura
interior num canaril sem aquecimento nunca é muito baixa, sendo razoavelmente bem tolerada pelos canários.
Se a nossa região for muito
fria, podemos aumentar um pouco o fornecimento de sementes gordas, uma vez que os canários irão ter mais dispêndio de energia
por causa do frio. Temperaturas muito altas não são nada benéficas, especialmente se estivermos em período de criação. Temperaturas
altas normalmente encontram-se associadas a baixa humidade, o que provoca dificuldade de eclosão.
Temperaturas altas e níveis de humidade também altos, são menos frequentes e são de todo a evitar, pois
são um autêntico chamariz de bactérias e fungos. Com este tipo de ambiente a sua proliferação é muito rápida e senão tomar-mos
várias precauções facilmente esses “bichinhos” incomodarão as nossas aves, provocando graves problemas de saúde
que no caso de não serem rapidamente diagnosticados, podem levar à morte, em especial de crias.
Temperaturas entre 12 a 20
graus são as ideais para que os canários se sintam bem e procriem.
LUMINOSIDADE
A Luminosidade é também um
factor a ter em conta. Na natureza as aves são influenciadas pela luz solar e em cativeiro essa influência também existe obviamente.
Sendo assim, caso o canaril não tenha luz natural suficiente, teremos que lhe fornecer luz artificial. Em período de reprodução,
devemos proporcionar no mínimo 12 horas de luz, para que as crias sejam bem alimentadas.
No final da criação e com
o inicio da muda, devemos então começar a reduzir o número de horas diárias, devendo essa redução ser progressiva. Uma dica
será ir acompanhando a redução natural que os dias irão sofrendo e lá para finais de outubro, já deveremos estar a desligar
a luz, por volta das 19 horas, e não reduziremos mais esse valor. As aves ficam então com um número de horas fixas até inícios
de Janeiro, sensivelmente, que é quando começaremos novamente a aumentar o número de horas de luz, até que atinjamos as 12
horas de luz diárias, que como já referi são o mínimo que devemos proporcionar na época reprodutiva. Quando atingirmos esse
número de horas, os canários já estarão preparados e poderão então criar.Obviamente que esse aumento, deverá ser acompanhado
pelos respectivos tratamentos e pequenas "correcções" de alimentação, com vista à prepraração para a época
reprodutiva. De referir que os meses em que devemos parar de aumentar ou reduzir a luz, variarão consoante os meses em
que o criador deseje criar e será portanto uma questão de fazer os cálculos e
verificar quando deverá começar a aumentar o número de horas. O aumento do número de horas deve ser gradual e então todos
os dias, o normalmente se faz é “amanhecer” 3 minutos mais cedo e anoitecer outros 3 minutos mais tarde, podemos
fazer isto caso tenhamos um programador para tal, ou então manualmente. Não esquecer também que as luzes não devem ser desligadas
subitamente e caso não tenhamos um controlador para simular o anoitecer e amanhecer, teremos que ter uma luz mais fraca( de
presença), a qual ficará acesa durante uns 15 minutos após termos apagado a luz “normal”.
Relativamente ao tipo de
lâmpadas que devemos usar, existem lâmpadas elaboradas exclusivamente para aves e que imitam a luz solar, no que respeita
à radiação e ao comprimento de onda, o que traz vantagens obviamente. Podemos também usar lâmpadas do tipo das que se usam
nos aquários, ou para répteis, pois são lâmpadas desenvolvidas para animais e não são incomodativas nem ferem a vista das
aves. Caso não consigam adquirir uma dessas lâmpadas, tentem escolher uma que não seja muito intensa e incomodativa, dentro
das habituais lâmpadas que temos para uso humano, contudo esta não é a solução ideal.
Para os criadores que usem
a luz solar, devem ter o cuidado que ela não incida directamente nos pássaros, pois isso é prejudicial. A luz solar tem benefícios
para os pássaros e podemos dar lhe “banhos” de sol, mas não devemos deixar que uma ave fique a torrar o dia todo.
Além disso, na muda, se as aves tiverem luz directa, podem tornar-se agressivas e não conseguem ter o repouso que deveriam
ter, nessa fase.
MUDA e
quistos/penas encravadas
Na muda,
é importante o uso de um suplemento que contenha biotina (vitamina H), a qual
interfere na estrutura da pele, tendo também propriedades anti-infecciosas.
Obviamente
não evitaremos o aparecimento de quistos na sua totalidade, mas reduziremos, muito, a probabilidade das penas encravarem e
se isso acontecer estaremos, ainda, a evitar que a infecção se espalhe.
Outra coisa
que poderá ajudar, um pouco, a minimizar o aparecimento de quistos é dar-mos banho
todos os dias a aves que tenham predisposição a encravar penas.
Prevenção
Bom, são
só umas “dicas” para minimizar o problema do aparecimento de quistos, mas “mais vale prevenir que remediar”
e no que toca a quistos, a “cura“ raramente é total, por isso convém que não nos esqueçamos disso e ao cruzamos os nossos exemplares não nos esqueçamos de reparar na largura, cumprimento e dureza das penas.
Tratamento
Já agora,
para os que eventualmente não saibam, aproveito para referir a forma de tratar dos quistos: 1-podemos simplesmente retira-lo cirurgicamente, 2- amarrar um fio ao redor que o comprimira e ir apertando aos poucos
até que a circulação sanguínea deixe de alimentar o quisto e passado umas semanas o quisto “morrerá” 3-outra hipótese será injectar no quisto um produto próprio para esse efeito que fará com que o quisto seque,
contudo temos que ser cautelosos para não interceptar vasos sanguíneos. A escolha de
um tratamento em detrimento do outro dependerá logicamente do tipo de quisto, da sua localização etc Após a remoção devemos usar
uma pomada ou uma substancia que seja anti-infecciosa e cicatrizante.
Onde
encontrar biotina?!
A
biotina existe em vários alimentos, tais como, a couve flor, a levedura, a soja, a manteiga e o figado, sendo que estes dois
ultimos apenas menciono a titulo de curiosidade, pois nao poderão ser fornecidos às aves. Os alimentos que mencionei
são os que possuem as quantidades maiores desta "vitamina",sendo a levedura de cerveja o que possui a maior percentagem, contudo
essas mesmas quantidades poderão nao ser suficientes para o efeito que pretendemos. Será uma questão de veres a quantidade
de biotina que um bom suplemento para a muda contém e de comparares essa mesma quantida com aquela que poderás oferecer aos
teus passaros no caso de optares por aumentares a quantidade desses alimentos que te referi. Contudo não será fácil, pois
a dose de levedura nao pode ser mt alta, senão teras excesso de proteina (por exemplo) e consequentemente problemas renais
entre outros, pelo que um aumento da dose de levedura esta fora de questão. Com a soja passa-se exactamente o mesmo, sendo
também muito rica em proteínas, não pode ser fornecida em doses muito elevadas,sobrando assim a couve flor,mas os canarios
teriam que consumir porçoes exageradissimas de couve-flor para que a dose de biotina fosse satisfeita e tal não é possivel,
pois ainda que lhas forneças eles nao te comerão o suficiente. Resumindo usando os alimentos que te mencionei, de forma
equilibrada, poderemos estar a fornecer quantidades de biotina suficientes para um canario saudável, mas não as quantidades
necessárias para o efeito pretendido no que toca aosquistos, aliás nem todos os suplementos para muda terão essas quantidades,
pois eles nao sao criados a pensar nos problemas de quistos, mas para canarios saudaveis em muda. Só para terminar, o uso
de doses extras de biotina é recomendável somente nos casos em que possuamos canários com penas encravadas ou que tenham pena
de tal forma macia que tenhamos receio que tal venha a suceder; se assim nao for, tratando-se de glosters aparentemente sem
esse risco, as doses de biotina presentes num vulgar suplemento para muda serão suficientes e nesse caso o uso desses alimentos
que te referi pode entao ser suficiente, sem recurso a esse suplemento, será somente uma questão de opção por parte do criador.
Canário intenso/nevado
Na natureza todos os canários (serinus canaria) são nevados,
o factor intenso é uma mutação que apareceu em cativeiro, em 1709 e na altura era considerado uma das 29 “raças” existentes na altura e designava-se por “Serin Plein” de cor amarelo intenso.
Uma questão que nos ocorrerá imediatamente será: no estado selvagem os pássaros
estarão repletos de quistos, afinal são todos nevados?! É verdade que são todos nevados, contudo o património genético das
aves selvagens é estável e a estruturas das penas de todos os elementos é praticamente a mesma, de tal modo que não existem
pássaros com penas exageradamente moles, como existem em cativeiro
No estado selvagem, aves com plumagens diferente do normal
dificilmente sobrevivem e caso isso aconteça, muito dificilmente fixarão a mutação que carregam e nas próximas gerações a
tendência é para que desapareça, isto porque, por serem diferentes são mais facilmente identificados pelos predadores e são
também rejeitados sexualmente, pelo que dificilmente procriarão. No caso dos canários intensos, seriam facilmente detectados
por predadores, pelo seu brilho fora do vulgar, contudo em cativeiro as mutações normalmente são apreciadas pelo homem que
tudo faz para que elas se fixem, além disso os pássaros não têm que se preocupar com predadores e as mutações, com maior ou
menor dificuldade, conseguem fixar-se,
As mutações são de facto muito atractivas, mas têm obviamente
efeitos secundários a que temos que prestar atenção e o caso do factor intenso teve consequências nas futuras gerações de
canários em que foram utilizados, contribuindo para uma quebra do equilíbrio genético até aí existente. Na natureza está
tudo muito bem equilibrado e as mutações apenas serão fixadas se realmente houver condições naturais que as beneficiem. A
natureza não tem caprichos e não fixa mutações somente por as achar bonitas, daí que o património genético seja estável. Se
reparamos nada está ao acaso, os machos normalmente são mais atractivos e cantam, isto porque será mais fácil de conseguirem
uma parceira, já as fêmeas possuem plumagens mais baças e não cantam, para que possam permanecer invisíveis durante o choco.
Para que tenham uma ideia de como esta mutação surgiu,
será importante ter consciência de que os canários eram inicialmente melânicos e como todos sabemos as penas com melanina
são normalmente mais duras. Com o passar dos anos começaram a aparecer pássaros com pequenas zonas sem melanina, os quais
o homem tentou, imediatamente, seleccionar e com o decorrer dos anos, acabou-se por chegar a pássaros totalmente isentos de
melaninas, os quais apresentavam obviamente uma estrutura de penas diferente e sendo menos rígidas. Contudo convém não esquecer
que os genes responsáveis pelo comprimento das penas, cor, largura e diâmetro das barbas e bárbulas, têm ligação entre si
e foram alterados. Deste modo o equilíbrio natural das aves selvagens, foi quebrado e passamos a ter pássaros nevados com
estruturas de penas diferentes entre si.Mais tarde surge, então, a mutação intenso, que de certo modo veio colmatar as necessidades
de aumentar a dureza das penas, contudo o equilíbrio do património genético entre as aves já havia sido quebrado e nunca mais
voltaríamos a ter pássaros nevados geneticamente estáveis como os selvagens.
Existe uma enorme variação, no que toca a canários nevados
e o grau de “névoa”, dureza das penas, largura e comprimento variam bastante. Sendo assim, existem nevados com
maior “névoa”que outros e se compararmos penas de uma mesma região, verificamos que nos mais nevados (com maior
névoa) as penas são mais largas e o lipocromo tem maior dificuldade de atingir as pontas e daí resulta a existência das tais
névoas que correspondem às extremidades das penas, onde o lipocromo não consegue chegar. Ou seja,
o lipocromo não consegue atingir as extremidades das penas, quando estas possuem barbas e bárbulas (são os canais presentes
nas penas, por onde o lipocromo circula e se distribui) mais longas. Em Penas com barbas e bárbulas mais curtas,o lipocromo
já consegue chegar mais facilmente até às extremidades e consequentemente a plumagem
apresenta menor névoa.
Se cruzarmos este tipo
de pássaros ( com névoa curta) ao fim de algumas gerações eles não apresentam praticamente névoa nenhuma, por isso não podemos
somente basear-nos no facto de um canário possuir névoa ou não. Existem vários tipos de nevados, muito diferentes e devemos ter isso em atenção sempre que seleccionarmos aves
para cruzar.
As penas dos intensos
são mais compridas e estreitas e possuem bárbulas mais curtas que nos nevadoscontudo
existem intensos com características muito variadas e em raças de penas longas,
praticamente todos os intensos tem uma névoa ainda que muito ligeira, por isso definir um intenso é algo controverso
Ao contrário
do que se pensava, hoje em dia existem dúvidas em afirmar que o factor intenso é um gene letal. Acasalar intensos entre si
reduz de facto a largura das penas e torna-as mais rígidas, contudo, pensa-se que, o gene responsável pelo intenso,quando
em homozigotia contribui para que as aves tenham tendência a ser mais nervosas, além de outras influências que não estão devidamente
estudadas e comprovadas.
Tal como nos nevados, também nos intensos podemos afirmar
que existem vários tipos de intensos e a metodologia a seguir será sempre a de analisar devidamente o tipo de penas dos pássaros
que pretendemos cruzar e os objectivos que queremos atingir e ponderar se realmente
esse cruzamento será o ideal Cruzar intensos entre si, ou nevados entre si terá de ser algo bem analisado e não deve
tornar-se uma prática irreflectida, pois esses cruzamentos, especialmente a longo prazo, trarão problemas, daí que os acasalamentos
mais aconselhados, pelo reduzido risco que envolvem, serão os acasalamentos entre nevados e intensos, contudo no caso particular
dos Glosters, a maioria dos glosters são nevados, pois os intensos nunca conseguem
ter as características de pena necessárias e é prática corrente cruzarem-se nevados
entre si, contudo devemos ter sempre em atenção se as penas já não estarão num
estágio exageradamente nevado e senão nos trarão problemas, se assim for e se o cruzamento for possível, podemos então cruzar
nevados com nevados, contudo não o devemos fazer por mais que 3 anos e após esse período os descendentes devem ser cruzados
com um intenso ou com um filho de um intenso. Usar o filho de um intenso tem vantagens, pois assim conseguimos melhorar a
qualidade das penas e por outro lado não sendo intenso, apresentará já uma melhor forma, quando comparado com um intenso.
Para concluir, não devemos reduzir a ideia somente ao
facto de atender se um pássaro é nevado ou intenso, devemos fazer mais que isso e observar bem as características da estrutura
das penas de cada pássaro independentemente de ser intenso ou nevado. De referir também que nos nossos cruzamentos temos que
utilizar pássaros que não sendo de “campeões”, possuam características de pena e não só, que serão muito úteis
para fixar determinadas características no plantel e para criar “campeões” sobretudo a longo prazo.
Nota: Um intensivo
(yellow) que tenha uma cauda larga, plumagem baça e que tenha penas que não sejam firmes e apertadas, não deve ser usado para
criação.
A actualizar brevemente!
|